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A primeira vez no cinema

Postado em 30 agosto 2013

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Por Warlise Weller

O circuito Cinema na Escola visitou hoje a Escola Municipal de Educação Infantil São Francisco, localizada no município Rio Novo do Sul. A escola fica no campo, cerca de 15 quilômetros afastada da cidade. Ao chegarmos à unidade de ensino, avistamos pequenas carinhas olhando em nossa direção. Os alunos dessa instituição estão no primeiro ano escolar, aprendendo a conhecer as letras e a formar palavras. Uma turma diferente dos dias anteriores.

A curiosidade vence a timidez e aos poucos os sorrisos vão se abrindo. Pequenos e espertos, os alunos brincaram com o flipbook animadamente. Ao conhecerem o efeito surpreendente do zootrópio, a empolgação ganhou mais força. Todos queriam ficar perto para escolher novos desenhos e observar o movimento pela janelinha. Foi nesse clima que preparamos a turminha para a primeira sessão de cinema de suas vidas.

Nosso pequeno grande público foi se acomodando nas cadeirinhas, observando cada detalhe a sua volta. Assim que os primeiros desenhos do filme Albertinho foram projetados na tela, os olhares ficaram congelados por algum tempo. São tantas informações a serem processadas: cores, desenhos, sons. A concentração era notável. Todos os olhares estavam colados na tela. Aos poucos, os alunos foram se soltando e não poupavam gritos e exclamações.

As rodas de conversa com alunos de diferentes idades elucidam o olhar que cada criança tem sobre os filmes, conforme sua idade e realidade. Eduardo, um menino de cinco anos, repetiu várias vezes que gostou do filme do boi. As cenas são parecidas com o lugar onde ele vive. As imagens podem estimular a criatividade e despertar o interesse pela arte cinematográfica.

Foi uma sessão divertida e alegre. A plateia mirim pediu bis e ficou até o final. Até a professora foi surpreendida com a atenção e concentração dos pequenos. Os alunos da escola conheceram o cinema hoje e desejamos que esse encanto continue. Seria bom ser um“mosquitinho” e poder ouvir os comentários dos alunos nos próximos dias.

Chegou a hora da despedida. Nosso carro se afasta e várias mãozinhas abanam. O mundo real também é mágico. Seguimos em direção a Dores do Rio Preto, nossa parada seguinte. O Cinema na Escola tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.

Fotos: Gustavo Louzada

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Mais um dia de cinema e brincadeiras nas escolas do campo

Postado em 29 agosto 2013

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Por Warlise Weller

Uma bruma leve cobria Rio Novo do Sul, a cidadezinha onde estamos hospedados. A chuva da noite lavou a poeira e trouxe o friozinho da manhã.

Nosso destino hoje é a Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Orestes Bernardo, localizada na comunidade de Itataiba, município de Rio Novo do Sul. A escola está situada no campo. Saímos da BR-101 e adentramos uma estrada de chão. No campo, a jornada de trabalho começa cedo. Paramos o carro e pedimos informação num rancho, perto da estrada. Três pessoas estavam sentadas em seu banquinho, ordenhando a vaca. Uma cena rara para quem vive na cidade.

Após alguns quilômetros, avistamos a escola. Os trinta alunos, entre 6 a 12 anos, já estavam acomodados nas duas salas de aula da escola. Depois que nos apresentamos, começamos a movimentação, com um caloroso e em bom tom “Bom Dia”! Os rostos exalavam alegria a expectativa.  Nossa roda de conversa e brincadeiras com os pequenos foi divertida. Algumas palavras saíam um pouco assustadas pela timidez, mas aos poucos, o clima era de leveza e diversão. Não tem quem não se encante com o mundo animado, até os menores observam os movimentos do flipbook. A “mágica” do zootrópio abre uma janelinha para novos conhecimentos e demonstra como é possível criar a ilusão de uma imagem em movimento.

Depois de observar como ocorre a animação, chegou a hora de sentar e assistir aos filmes. Na improvisada sala de cinema, todas as idades estavam reunidas. Um momento de integração entre os dois grupos. O silêncio, a concentração são notáveis. Em algumas cenas, a risada com os amigos e as observações chamam a atenção. Uma das grandes surpresas de preferência de público é o curta-metragem A Velha a Fiar. Engana-se quem pensa que o público infantil só gosta de ação em 3D. O filme que é em preto e branco foi dirigido em 1964 por Humberto Mauro. O enredo ilustra a canção popular e fala do ciclo da vida. O filme instiga as crianças a exercitarem o olhar, a memória e a audição através da cantiga e da linguagem audiovisual, um bom instrumento de aprendizagem.

Nas escolas do campo, o espaço de ensino acaba sendo um dos poucos ambientes coletivos das crianças. A relação entre os alunos vai além do processo de alfabetização, parece ser mais intimista. Os aplicativos tecnológicos ainda não fazem parte do mundo real deles.

Os alunos votaram nos filmes com muita certeza. A interação foi envolvente. Alguns queriam contar seus “causos” ao ver o filme Eu queria ser um Monstro.  “Fim” é a palavra mais chata de se ler. Fomos “intimados” a exibir mais um curta-metragem para fechar essa manhã. Quando as primeiras imagens do filme “Pajerama” apareceram na tela, ouvimos uma exclamação: “agora sim”.  A plateia viveu fortes emoções com o índio que é pego numa torrente de experiências estranhas, que revelam mistérios de tempo e espaço, com a força de uma trilha sonora incrível.

Foi um presente ver o menino mais tímido da manhã querendo dar uma entrevista para a câmera. Um ato de bravura e superação.

Despedimos-nos desta manhã inspiradora, com uma cena de rara beleza e fragrância: cafezais floridos decoravam o caminho para o próximo destino. O Cinema na Escola tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.

Fotos: Gustavo Louzada

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Cinema na Escola chega a Rio Novo do Sul

Postado em 28 agosto 2013

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Por Warlise Weller

O despertador tocou antes de o galo cantar e o sino tocar. Da janela, a vista da cidade que acorda – bom dia Rio Novo do Sul!

Hoje nossa primeira sessão é na Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Capim Angola. A escola fica ao lado da igrejinha e da BR-101. Assim que nosso carro se aproximou, avistamos os olhinhos de quem brincava no pátio, mirando em nossa direção.  Eram quase trinta crianças, entre 6 e 13 anos. O pátio foi rapidamente trocado pela sala. Havia curiosidade e ansiedade em saber os filmes que iriam ver. De algum canto da sala alguém falou: “Eu gosto de filme de ação”.

Convidamos todos a sentar ao redor de uma mesa para conhecer alguns desenhos antes da sessão. Os alunos receberam as primeiras noções de animação de imagens brincando com o flipbook, ou livro filme. O flipbook é uma série de imagens organizadas sequencialmente em um bloquinho. Quando as páginas são viradas rapidamente os desenhos simulam um movimento, dando vida ao desenho. Mas isso só acontece se a leitura é feita da esquerda para a direita, ou seja, de trás pra frente.

A nova descoberta despertou euforia e admiração.  Continuamos a incentivar as experiências de animação, apresentando o zootropio. Este “tambor” causa fascínio e surpresa e uma incompreensão: “como o desenho está andando”? Agora sim, a agitação é geral, para escolher o novo “ciclo de desenhos”. Todos sugerem suas preferências… o barco navegando sobre as ondas, a tartaruga nadando, a flor se abrindo, o coração batendo…

Neste momento, quando o cinema já estava quase sendo esquecido, anunciamos que a sala já estava pronta! Todos levantam imediatamente e se acomodam nas cadeiras, alguns guardando o lugar ao lado para um amigo. O filme Albertinho abre a sessão e dá continuidade na introdução ao mundo animação.  O olhar concentrado parecia transformar as informações recebidas em conhecimento e imaginação.  A sessão segue e, além dos filmes, pode-se escutar o ranger dos pacotinhos de pipoca.

Depois de um breve intervalo, o “júri popular mirim” avalia os filmes do primeiro bloco. A luz se apaga mais uma vez e começa a seleção de filmes infanto-juvenis. Um deles, A Galinha ou Eu, conta a história de uma galinha que caiu na privada. Não foram poupados risos e gargalhadas ao ver o destino da ave.

Houve quem gostasse mesmo das histórias divertidas e assombradas… Depois de uma longa sessão para um público infantil, ouvimos ainda “mais um” e “quando vocês vão voltar?”.  Um menino muito esperto foi logo concluindo “parem na volta novamente, já que é no caminho”.  Será que foram enfeitiçados pela magia do mundo animação?

A van do Cinema na Escola parte para o próximo destino, em Poço Dantas.  Saímos do asfalto e entramos em uma estrada de chão que nos levou até a pequena escola. Os oito alunos brincavam no campinho de futebol.  A tranquilidade do ambiente da escola contribuiu para organizar uma sala de cinema aconchegante com bastante espaço para a turminha.

Fizemos uma roda para cada um se apresentar. A timidez de mãos dadas parece ser mais fácil de ser vencida. E nada como brinquedos que “voam” para quebrar o gelo e permitir que as palavras aconteçam. Todos olhavam fixamente para os movimentos do “livrinho cinema”. A curiosidade e a procura por um livrinho ainda mais “legal” agitava a turma. Quando apresentamos o zootropio, a mesa parece ter diminuído e o número de crianças dobrado, tamanha era a aglomeração em cima deste objeto estranho.  A professora mostrou a mesma empolgação e surpresa e todos se divertiram com os pulos incríveis do sapo…

Com o convite para adentrar a sala de cinema, as cadeirinhas logo estavam ocupadas e os olhares acompanhavam os desenhos em movimento do Albertinho.  Exibir uma animação feita por crianças é uma experiência que busca mostrar uma linguagem lúdica, diferente da estética televisiva tão difundida. Educar o olhar para outras imagens não é tarefa fácil. Mas assim como as diferenças, as semelhanças também são observadas. As imagens do filme assemelham-se ao desenho de uma criança. Mas é um público exigente. Não prendeu a atenção, perdeu!

Depois do segundo bloco, os alunos queriam “mais um, mais mil”… Parece que eles foram fisgados pela animação.

O Cinema na Escola se despediu dos alunos de Poço Dantas exibindo Historietas Assombradas (para crianças malcriadas), que conta história de uma garotinha que vai dormir na casa da avó e, para pegar no sono, pede que ela conte historinhas assustadoras. A criançada se divertiu com as três histórias que ouviram.

A tarde caiu e a chuva chegou, vestindo o frade e a freira com um manto de nuvens. O Cinema na Escola tem realização do Instituto Marlin Azul e o patrocínio da Samarco.

Fotos: Gustavo Louzada

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1º dia do Cinema na Escola no sul do Espírito Santo

Postado em 27 agosto 2013

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Por Warlise Weller

Nesta segunda-feira (26/08), iniciamos o Circuito Cinema na Escola, um projeto do Instituto Marlin Azul com patrocínio da Samarco.  Durante uma semana, vamos percorrer algumas escolas localizadas no interior sul do Espírito Santo.

O dia começou cedo, seguindo a rotina diária de muitas crianças: acordar cedinho, tomar café e ir para a escola. Chegamos à Escola Municipal Unidocente de Ensino Fundamental de Piabanha do Norte, em Itapemirim, um pouco antes de sete da manhã. Já encontramos o espaço aberto, os alunos todos sentados na sala com a professora aguardando o cinema chegar.

Bastou uma breve apresentação para que todos ficassem logo à vontade e lá estavam os alunos nos cercando, curiosos e participando da movimentação. Enquanto as crianças assinavam a lista de presença, falavam de suas preferências de filmes. A pequena sala-de-aula, que abriga alunos de seis a treze anos, em um mesmo espaço, foi se transformando em uma sala de cinema.

Os olhinhos miravam os livrinhos que deixamos sobre a mesa e um objeto escuro e redondo. “Tia, o que é isso?” A curiosidade e a vontade de apalpar, ver de perto eram quase incontroláveis. Após uma introdução sobre o que é Animação, sobre como pensar uma ideia através de imagens, que podem ser desenhadas, pintadas, modeladas, fotografadas… mostramos algumas ideias desenvolvidas nos diversos flipbooks que trouxemos. Os olhares admirados com a magia do movimento das imagens paradas se misturavam com alegria e espanto. “Olha que legal, o bichinho está correndo”…  Parecia ser o início de uma nova descoberta.

A animação ficou melhor depois que os alunos conheceram os efeitos do brinquedo zootrópio ou zootropos, que em grego significa (zoe = vida) + (tropos = giro, roda). Esta máquina existe desde 1834, e é composta por um tambor circular com pequenas janelas recortadas, através das quais o espectador olha para desenhos dispostos em tiras. Ao girar, o tambor cria uma ilusão de movimento aparente.

Com vários desenhos para escolher, a turma caiu na gargalhada com os pulos do sapo, com o voo do skatista, com o bater do coração… e com tantos outros movimentos que até então, olhando apenas para o desenho, não tinham ação. A educação do olhar foi ganhando espaço e imaginação.

Finalmente chegou o momento de apagar as luzes, e no escurinho do cinema deixar a fantasia voar com os filmes, como por exemplo, o curta-metragem ”Albertinho”, uma animação feita por alunos da rede pública municipal de Vitória. O filme conta a história de um menino que sonha em poder voar. É uma homenagem a Alberto Santos Dumont e ao centenário do voo do 14Bis.

A sessão contou com muitos filmes de animação. O momento foi regado a pipoca e muitos comentários e  risadas.

Difícil foi acender a luz e despertar para a realidade… Porém como num passe de mágica, lá estava o recreio, a bola, os amigos… e quem sabe, muita imaginação depois de ver e conhecer tantas estórias e personagens.

Na parte da tarde, o Cinema na Praça visitou a Escola Municipal Pluridocente de Ensino Fundamental Santa Helena, na Ilha do Gato, também no município de Itapemirim. Como a escola visitada na parte da manhã, esta é uma das 23 unidades de ensino do campo do município.

Nem mesmo o calor fez com que os alunos deixassem de se envolver com a magia do cinema. A participação das crianças esquentou a sala que ficou cheia. Alguns alunos do período matutino retornaram à escola para prestigiar o Cinema na Escola. As brincadeiras, descobertas e indagações, transformaram esta tarde, num dia de aula diferente.

Depois do último filme, a equipe de produção perguntou se ainda cabia mais um, e a resposta positiva foi unânime. O filme “Peixe Frito” arrancou gargalhadas também do público adulto que estava presente: professoras, pedagogas, mães. A animação conta a história de um avô que ensina o neto a pescar. É uma ficção que reúne peixes, gaivotas, anzóis, contando “estórias de pescadores” e um menino que tem muito a ensinar.

Encerramos este primeiro dia, felizes e agradecidos pela recepção calorosa que a equipe teve nas escolas, resultado alcançado através da mobilização dos professores e orientadores. A próxima cidade, Rio Novo do Sul, nos recebeu com um cenário digno de cinema: à nossa vista, temos a Pedra do Frade e da Freira nos saudando!

Fotos: Gustavo Louzada

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Um Fio de Esperança

Postado em 15 julho 2013

Animação criada por 150 estudantes do Ensino Fundamental da rede pública de ensino de Vitória por meio do Projeto Animação do Instituto Marlin Azul. Teve sua primeira exibição na 16ª edição do festival de cinema Vitória Cine Vídeo, em 2009..

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